quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Bullyng ao Desempregado

Bully, que é uma palavra de origem inglesa que significa “valentão”. Bully, assim, correlaciona-se com valentia, força, superioridade, constrangimento, ameaça, agressão. É o desejo deliberado de maltratar uma outra pessoa e de colocá-la sob tensão (Cléo Fante).

O fenômeno bullying , como pondera Lélio Braga Calhau, [muitas vezes] “estimula a delinqüência e induz a outras formas de violência explícita, produzindo, em larga escala, cidadãos estressados, deprimidos, com baixa auto-estima, capacidade de auto-aceitação e resistência à frustração, reduzida capacidade de auto-afirmação e de auto-expressão, além de propiciar o desenvolvimento de sintomatologias de estresse, de doenças psicossomáticas, de transtornos mentais e de psicopatologias graves”. (Trecho do texto de Luiz Flávio Gomes no site: Universo Jurídico).

Contudo este fenômeno não ocorre apenas entre crianças e adolescentes, mas também na faixa adulta, seja na relação de um casal e seus filhos, onde a mulher por vezes ainda é tratada como mera “doméstica” e vista como uma serva que tem somente o papel de servir e atender aos seus maridos e filhos, como também na relação entre desempregados versos recrutadores e head hunters.

Isto já ocorre com freqüência em nosso país há pelo menos meio século ou mais, pois um desempregado, e principalmente aqueles com mais de 40 anos, é visto e tratado de modo humilhante por aqueles que se dizem capacitados a lidar e compreender o universo humano. E não só nesta faixa etária como em vários outros momentos, senão vejamos:

Quando muito jovem e ainda inexperiente, a pessoa ouve repetidas vezes: Você esta aquém do perfil que precisamos, ou: Você não tem o preparo para a função para o perfil da vaga, e ainda: Você pode vir a trabalhar conosco, mas por um certo tempo de experiência, onde findado este período, simplesmente os despedem sem o mínimo argumento convincente, um exemplo disto e a alta rotatividade nas empresas de telemarketing, e quem também perde com isto são as empresas e seus respectivos consumidores, empresas estas que disponibilizam através destes serviços um péssimo atendimento, com um pessoal sempre mal preparado e inseguro.

E depois de muitos anos de luta e uma considerável bagagem, temos que ouvir: Você esta além do que necessitamos; Você esta fora da faixa etária do perfil da contratante, e com estas e diversas outras frases vazias nos prometem: Vamos ficar com seu currículo e surgindo alguma oportunidade que se encaixe com seu perfil, nós entraremos em contato. Sabem quantas destas empresas cumprem isto? Em minha longa carreira, nenhuma!

Assim, após algumas semanas, meses e anos, o profissional perde seu padrão, passa a dever, priorizando entre o alimento e as contas a pagar, tem seu nome incluso nas empresas de proteção ao crédito, começa a procurar empregos bem inferiores aqueles para os quais é capacitado e aceita qualquer quantia para poder alimentar sua família e por vezes ainda, também não consegue.

Então é classificado como um sub-profissional que por ter o nome sujo ou por estar um longo período sem emprego deve conseqüentemente, segundo uma ótica distorcida destes recrutadores, ser uma pessoa que não tem a preocupação em se atualizar fazendo cursos e mais cursos. Mas como fazer cursos, quando este individuo já esta no fundo do poço, com dívidas que se acumulam, com a discórdia na família causada pelo desconforto desta precária situação.

Sim, esta forma de “Bullyng” é uma das mais cruéis de nossa sociedade, provocando por vezes, separações, desintegrando famílias, criando seres ruins, desmotivados e descrentes em nossa sociedade, os quais, independente da classe social, entram para o crime, se tornam alcoólatras e conseqüentemente todos perdem com isto, tanto as empresas, que deixam de contar com excelentes profissionais jogados no lixo por estes “especialistas em recrutamento”, como todos nós, pois estas pessoas deterioradas irão aumentar os custos nos serviços públicos de saúde, segurança e tantos outros, onde ao final seremos nós mesmos a arcar com estes tributos.


2 comentários:

  1. Eu como profissional de R&S, no momento também desempregada e que também já sofri inúmeras vezes o "Bullyng Profissional", pela senioridade, pela raça, experiência demais, salário além...etccc, concordo plenamente com o artigo. Contudo, nãome coloco no time dos profissionais de R&S que veêm o candidato como um ser inferior. Lógicamente que já recebi críticas que me fizeram pensar e buscar melhorar, mas tenho certeza de que os elogios são maiores, porque sempre me coloco no lugar de quem está buscando recolocação.Penso que o que falta é o respeito com o outro. Tem muita gente, infelizmente que não acredita que possa ser demitido...O Bullyng profissional, ocorre por "n" motivos: a pessoa pode não ter o "QI" esperado por aquela empresa, ou ao contrário, pode ser tão inteligente que quem o está entrevistando pode sentir-se ameaçado e assim o reprova, se for muito bonito, muito feio, muito gordo, muito magro, branco,negro, asiático......é rídiculo. Outro dia, num anúncio num grupo de RH, foi colocado explicitamente que não aceitariam obesos...........Eu sendo uma profissional de RH, por vezes, vejo a área como "Recursos Desumanos" e não Recursos Humanos, é triste , mas infelizmente é a realidade.
    Os trechos abaixo resumem magnificamente o que pode ocorrer com o profissional no período de busca de recolocação. Mas apesar disso, ele tem que manter o equilibrio, porque caso contrário terá que procurar o SUS...aí já viu...É muito triste...:

    "Assim, após algumas semanas, meses e anos, o profissional perde seu padrão, passa a dever, priorizando entre o alimento e as contas a pagar, tem seu nome incluso nas empresas de proteção ao crédito, começa a procurar empregos bem inferiores aqueles para os quais é capacitado e aceita qualquer quantia para poder alimentar sua família e por vezes ainda, também não consegue.

    Então é classificado como um sub-profissional que por ter o nome sujo ou por estar um longo período sem emprego deve conseqüentemente, segundo uma ótica distorcida destes recrutadores, ser uma pessoa que não tem a preocupação em se atualizar fazendo cursos e mais cursos. Mas como fazer cursos, quando este individuo já esta no fundo do poço, com dívidas que se acumulam, com a discórdia na família causada pelo desconforto desta precária situação.

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  2. Temos então uma cegueira proposital para não enxergarmos que também temos culpa dos pedintes no semáforo, pois quando nos fechamos e ignoramos esses fatos, também nos esquecemos na hora de votar.
    Esta cegueira também acomete os "eficazes" empresários que não veem que a mão de obra experiente é necessária para conduzir a mão de obra inexperiente, pois tem que direcionar seu produto com segurança.
    Nós brasileiros temos que confiar sim em nós mesmos, auto estima é imprescindível para o crescimento de um povo.
    Bem abrangente sua observação deste ponto.
    Sim, vamos criticar sim, mas com base concreta e não passar para frente como telefone sem fio, sem filtrar o que se ouve.

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