Tempos Eficazes
Sou de um tempo onde não era necessário se fazer muitos
cursos ou treinamentos para se reaprender a sentar, falar e se comunicar com
artimanhas que pudessem convencer um profissional responsável pelo recrutamento
a te aceitar para uma vaga de trabalho.
Nesse tempo, não era imprescindível se falar outro idioma,
pois o foco era o de se obter resultados efetivos e com isto as empresas não se
importavam muito em contratar um tradutor e interprete para que pudesse
assessorar o profissional em qualquer momento que assim o exigisse. Assim
inúmeras empresas cresceram e frutificaram, com significativos resultados até
os nossos dias, sem que houvesse a necessidade de se exigir o idioma inglês ou quaisquer
outros, mesmo que não sirva a nenhuma propósito, apenas para estar na “moda”
das exigências. E mesmo hoje, um profissional atualizado com os meios
tecnológicos, terá o bastante para desenvolver a atingir seus objetivos, sem
que tenha a obrigatoriedade do fluente domínio.
Também não havia tantas burocracias e incontáveis etapas
para se contratar um ótimo profissional, pois naqueles tempos, normalmente quem
realizava as entrevistas eram profissionais com vasta e comprovada experiência
em suas áreas, então sentávamos em sua frente e tínhamos um diálogo verdadeiramente
eficaz, onde o engenheiro, diretor de arte, gerente de marketing e até mesmo os
próprios donos e gestores das empresas conseguiam em poucos minutos detectar o
potencial ou não do candidato. E como noto, isto ainda é feito nos E.U.A e na
Europa, mas eles não são tão modernos como nós.
Um tempo onde pessoas com talentos incontestáveis, entraram
sem grande pretensão em uma “Rádio Nacional” e foram de imediato reconhecidos
por seus talentos, como Chico Anísio, Silvio Santos, Manoel da Nóbrega e
inúmeros outros que até hoje fazem a diferença. Bem como outra gama de
profissionais em arquitetura (Lúcio Costa; Le Corbusier; Minoru Yamasaki; Oscar
Niemeyer), engenharia (Eliezer Batista; Miriam Belchior; Expedito José de Sá
Parente), designer (Fernando e Humberto Campana; Hans Donner), publicitários (Alexandre
Periscinoto; Ana Lúcia Serra; Francesc Petit Reig), os quais iniciaram suas
brilhantes carreiras com pequenos trabalhos nas agências e empresas de
comunicação, tendo sido contratados por profissionais que realmente eram
capazes de perceber o diamante que tinham em sua frente.
Me remeto a uma época onde a corrupção nos diversos
departamentos de uma empresa e a quantidade de inaptos responsáveis pela
seleção era muito reduzida, onde muito raramente ou nunca, pelo que recordo, se
ouvia dizer que um profissional fora selecionado por seu currículo, seus
diplomas e sua respectiva experiência, através de modernos testes de análises
psicotécnicos, e tantos outros “psicos”, e depois de algum tempo, constata-se
que era tudo falso, um engodo que já causou e ainda causa muitos prejuízos as
organizações.
Falo também de uma época, não muito distante, onde foram
criadas muitas empresas de sucesso por homens e profissionais acima dos 50 anos
(Roberto Marinho), empresas estas que hoje disponibilizam milhares de vagas,
até mesmo para aqueles que não reconhecem o potencial de um profissional acima
dos 50 e ao se emaranharem tanto em suas teias burocráticas e sem nexo, acabam
por ajudar a implodir gloriosas organizações que teriam ainda sem dúvida, muitas
décadas de crescimento e produtividade, abrindo um enorme leque a milhares de profissionais
que, em função desta incompetência global, terminam esquecidos e desprezados
por uma sociedade onde os formadores de opinião também fecham os olhos a esta
realidade.
Formadores estes que em sua grande maioria estão também
acima dos 50 anos de vida, e que infelizmente só conseguem enxergar os
profissionais de nosso país, dentro de uma pequena panela e com um foco
totalmente distorcido, pois nosso potencial não esta restrito apenas a
cantores, artistas de radio, televisão, teatro ou literatura, futebol e samba,
mas de um universo muito mais atuante também em tudo aquilo que efetivamente
move e destaca um país no cenário internacional, competências estas que são
expostas ao grande público somente quando são de algum modo, interessantes ao
jornalismo e reportagens, pois caso contrário, pouco ou nenhum reconhecimento
se dá a estes nossos profissionais que realmente fazem de nosso país, uma
inesgotável fonte de talentos, com a perseverança e coragem para continuar,
mesmo que incógnitos, a lutar por um país mais sério, forte e menos egoísta,
enfim digno do 1º mundo.