terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Tempos Eficazes

Sou de um tempo onde não era necessário se fazer muitos cursos ou treinamentos para se reaprender a sentar, falar e se comunicar com artimanhas que pudessem convencer um profissional responsável pelo recrutamento a te aceitar para uma vaga de trabalho.

Nesse tempo, não era imprescindível se falar outro idioma, pois o foco era o de se obter resultados efetivos e com isto as empresas não se importavam muito em contratar um tradutor e interprete para que pudesse assessorar o profissional em qualquer momento que assim o exigisse. Assim inúmeras empresas cresceram e frutificaram, com significativos resultados até os nossos dias, sem que houvesse a necessidade de se exigir o idioma inglês ou quaisquer outros, mesmo que não sirva a nenhuma propósito, apenas para estar na “moda” das exigências. E mesmo hoje, um profissional atualizado com os meios tecnológicos, terá o bastante para desenvolver a atingir seus objetivos, sem que tenha a obrigatoriedade do fluente domínio.

Também não havia tantas burocracias e incontáveis etapas para se contratar um ótimo profissional, pois naqueles tempos, normalmente quem realizava as entrevistas eram profissionais com vasta e comprovada experiência em suas áreas, então sentávamos em sua frente e tínhamos um diálogo verdadeiramente eficaz, onde o engenheiro, diretor de arte, gerente de marketing e até mesmo os próprios donos e gestores das empresas conseguiam em poucos minutos detectar o potencial ou não do candidato. E como noto, isto ainda é feito nos E.U.A e na Europa, mas eles não são tão modernos como nós.

Um tempo onde pessoas com talentos incontestáveis, entraram sem grande pretensão em uma “Rádio Nacional” e foram de imediato reconhecidos por seus talentos, como Chico Anísio, Silvio Santos, Manoel da Nóbrega e inúmeros outros que até hoje fazem a diferença. Bem como outra gama de profissionais em arquitetura (Lúcio Costa; Le Corbusier; Minoru Yamasaki; Oscar Niemeyer), engenharia (Eliezer Batista; Miriam Belchior; Expedito José de Sá Parente), designer (Fernando e Humberto Campana; Hans Donner), publicitários (Alexandre Periscinoto; Ana Lúcia Serra; Francesc Petit Reig), os quais iniciaram suas brilhantes carreiras com pequenos trabalhos nas agências e empresas de comunicação, tendo sido contratados por profissionais que realmente eram capazes de perceber o diamante que tinham em sua frente.

Me remeto a uma época onde a corrupção nos diversos departamentos de uma empresa e a quantidade de inaptos responsáveis pela seleção era muito reduzida, onde muito raramente ou nunca, pelo que recordo, se ouvia dizer que um profissional fora selecionado por seu currículo, seus diplomas e sua respectiva experiência, através de modernos testes de análises psicotécnicos, e tantos outros “psicos”, e depois de algum tempo, constata-se que era tudo falso, um engodo que já causou e ainda causa muitos prejuízos as organizações.

Falo também de uma época, não muito distante, onde foram criadas muitas empresas de sucesso por homens e profissionais acima dos 50 anos (Roberto Marinho), empresas estas que hoje disponibilizam milhares de vagas, até mesmo para aqueles que não reconhecem o potencial de um profissional acima dos 50 e ao se emaranharem tanto em suas teias burocráticas e sem nexo, acabam por ajudar a implodir gloriosas organizações que teriam ainda sem dúvida, muitas décadas de crescimento e produtividade, abrindo um enorme leque a milhares de profissionais que, em função desta incompetência global, terminam esquecidos e desprezados por uma sociedade onde os formadores de opinião também fecham os olhos a esta realidade.

Formadores estes que em sua grande maioria estão também acima dos 50 anos de vida, e que infelizmente só conseguem enxergar os profissionais de nosso país, dentro de uma pequena panela e com um foco totalmente distorcido, pois nosso potencial não esta restrito apenas a cantores, artistas de radio, televisão, teatro ou literatura, futebol e samba, mas de um universo muito mais atuante também em tudo aquilo que efetivamente move e destaca um país no cenário internacional, competências estas que são expostas ao grande público somente quando são de algum modo, interessantes ao jornalismo e reportagens, pois caso contrário, pouco ou nenhum reconhecimento se dá a estes nossos profissionais que realmente fazem de nosso país, uma inesgotável fonte de talentos, com a perseverança e coragem para continuar, mesmo que incógnitos, a lutar por um país mais sério, forte e menos egoísta, enfim digno do 1º mundo.